Intervenção no Rio, contra ou a favor?

     Um amigo me pergunta: Tu um cara que esteve no exército e no Haiti, é a favor ou contra a intervenção militar no Rio?

A esta pergunta trago a reflexão abaixo:
        Mais importante que a minha resposta, que não muda nada no ato em si, acho válido a reflexão sobre o tema, afinal o RS está indo no mesmo caminho. Nessa perspectiva, a pergunta não é tão fácil de responder com um sim ou não, pois é bem mais complexa do que parece. 

Saliento que não é igual a missão de paz no Haiti ou qualquer outra, aliás nem de perto. Explico destacando dois motivos básicos:

1- no Haiti existia um PROJETO de longo prazo dividido em 3 fases básicas (1- imposição da paz / 2- Formação e apoio ao novo governo democrático e infra-estrutura básica / 3- Processo de saída) que duram mais ou menos 10 anos, além disso a intervenção militar era protagonista na primeira, apoiava na segunda e terceira.

2- o Haiti é país mais pobre das Américas, estava sem governo formal, as instituições públicas falidas e problemas sociais infinitamente maiores que no Rio.

Vamos pensar um pouco mais e avançar para uma possível resposta:

        Quanto ao Rio, é reincidente estas intervenções pontuais no pós ditadura, pelo menos desde 1992, sendo assim não foi (nem teria como ser) efetivo, por falta de planejamento, em vezes anteriores. 
Pensemos, o que está sendo feito diferente agora? Qualquer um sabe o destino de uma família/cidade/estado/país que não investe massissamente em educação, infra-estrutura e empregabilidade. Se todos sabem, logo não foi investido de propósito e esse é o efeito colateral. 

    Aprendi na área militar e no ambiente corporativo que existem algumas perguntas MÁGICAS: Quem/ Onde/ Por que/ Como /Quando?

Quem são os criminosos que estão buscando? Onde estão? Por que somente esses? Como será feito para evitar sacrifício de inocentes? Quando será iniciada e concluída a missão?
E o pós intervenção, o que será feito para evitar que daqui a 1 ano tudo tenho que acontecer dessa forma novamente.


Mas isso o exército sabe Everton!

Será que sabe? Se sabe por que solicitou mandado coletivo e não com nomes específicos?


- Hoje, sem intervenção militar é ilusão!

Talvez, será que acreditar que esse tipo de ação isolada resolve alguma coisa também não é?

Veja, resolver décadas em dias beira a infantilidade. Afinal não existem soluções fáceis para problemas complexos.

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