Mutilação Genital Feminina (MGF)

A Mutilação Genital Feminina (sigla MGF) é também conhecida por Excisão Feminina ou Circuncisão Feminina. É uma prática que consiste na remoção parcial ou total dos órgãos genitais da mulher de modo a que esta não possa sentir prazer durante o ato sexual. A circuncisão feminina têm origem puramente cultural e não tem nenhum benefício medicinal comprovado, pelo contrário; é de conhecimento comum que a MGF prejudica das mais variadas formas meninas e mulheres. É dolorosa, traumática e interfere no funcionamento natural do corpo, tem conseqüências nefastas à saúde, imediatas, podendo levar à morte por infecção ou hemorragia, e após também, nos partos onde, além da dor e dificuldades para a mulher ou jovem, também existe alto risco de mortalidade neonatal.
Estima-se que entre 100 a 140 milhões de meninas e mulheres de todo o mundo tenham sido submetidas a estes processos e que, anualmente, 3 milhões de meninas corram o risco de sofrer uma mutilação genital. É uma prática muito frequente que atinge milhares e milhares de mulheres que vivem em certas partes da Africa, Península Arábica e Zonas da Ásia, sendo esta rejeitada pela civilização ocidental. Apesar de não estar explicito em nenhum livro religioso (Biblia e Alcorão) que a MGF seja um processo de purificação, mesmo assim tais religiões têm tal ritual como uma forma de purificar a mulher.
Apelidada de “ritual de passagem” cultural, a MGF priva milhares de jovens da expressão de sua feminilidade, sendo um atentado contra os direitos da mulher. Muitas vezes, quando a família destas meninas decide não proceder à prática, vêm-se imediatamente excluída da família e do circulo social, da sua aldeia ou grupo.

CONSEQUÊNCIAS

Os efeitos dessa prática são imensuráveis fisicamente e psicologicamente. Muitas mulheres morrem de sofrimento durante ou após a cirurgia. Os países ocidentais proíbem tal prática médica. Mas, se bem pago, pode ser realizada, assim como o aborto, em clínicas clandestinas. As infecções pélvicas crônicas são comuns em mulheres que foram infibuladas. Não sendo freqüente, algumas destas infecções podem provocar abscessos, quistos e úlceras na vulva. Se o nervo do clitóris for cortado, toda a área genital passa a estar em sofrimento permanente. Muitas vezes, quando algo corre mal no procedimento, costuma culpar-se a menina, porque já era impura, ou os pais da menina, porque não a educaram na pureza, ou atribui-se o fracasso a qualquer intervenção divina.
As conseqüências psicológicas de quem é submetido a esta mutilação são “graves e traumáticas”, diz Yasmin Gonçalves, psicóloga e especialista no estudo desta prática. “Os relatos das crianças e mulheres sujeitas à MGF revelam a existência de sentimentos de ansiedade, terror, humilhação e traição”. Pode haver também “stress pós-traumático e depressão”, acrescenta. Perturbações psicossomáticas com quadros de insônia, pesadelos, perda de apetite, perda de peso ou ganho de peso excessivo, pânico, dificuldades de concentração e aprendizagem e outros sintomas de stress pós- traumático.
Geralmente as meninas são submetidas muito novas à MGF (entre os 4 e os 12 anos, mas às vezes mais cedo), nem todas as mulheres se recordam do ritual. “Depende das características de personalidade de cada uma”, pois “quando existe um trauma, o modo como vão reagir às pessoas é diferente”. Há aquelas que “conseguem verbalizar alguns aspectos, como quem a levou, o que sentiu; outras não conseguem falar sobre o assunto ou nem se recordam do que aconteceu”, aponta Yasmin Gonçalves.

CONCLUSÃO

Percebemos durante as pesquisas sobre a MGF que a mesma é fruto fundamentalmente cultural, é algo que está intrínseco em algumas culturas isoladas. Sendo assim não pode ser relacionada com essa ou aquela religião, essa ou aquela etnia, é bem mais complexo e subjetivo que isso. Temos consciência da dificuldade que é mudar as formas de pensar de uma sociedade, no entanto deve ser exercida uma pressão externa para que as mentes possam se abrir para uma possível mudança.
Por fim, essas tribos aplicam seus rituais a milhares de anos e precisaram de incontáveis anos para se darem conta do tamanho da brutalidade que exercem sobre suas mulheres e futuras mulheres.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HIRSI ALI, AYAAN.

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