Resenha critica ao Livro "13 Segredos Para o Sucesso Profissional"

A critica que segue é limitada ao 2º Capítulo- Os Vencedores São Auto-suficientes, do livro em epígrafe.

No segundo capítulo deste livro o autor afirma que revelará o segundo segredo para qualquer pessoa atingir o sucesso profissional, independente de profissão, classe social, gênero ou cultura. A ideia passada pelo autor é que essa contextualização não passa de desculpas para pessoas de baixo desempenho. O fato de o autor generalizar todos os indivíduos independentemente da sociedade a qual integra vai contra o que estudamos em Psicologia. Pois em psicologia, de uma forma geral, entende-se que a cultura, classe social, gênero, idade, são fatores que influenciam a relação do individuo com o trabalho, sendo assim cada ser humano adquirirá uma capacidade entender o que é sucesso profissional e como lidar com as situações da vida. Outro dado interessante é que a definição de sucesso profissional para o autor é fazer fortuna e prestigio. Em nenhum momento o autor utiliza, por exemplo, a expressão “realização profissional”, que seria uma abordagem mais subjetiva sobre o significado do sucesso profissional.
O autor baseia-se em histórias de vida de personalidades que obtiveram sucesso financeiro e prestigio superando situações adversas. O autor entende que, se uma pessoa é capaz de superar determinada situação e tirar proveito (lucro) disso, você ou qualquer outra pessoa também é capaz, desde que pratiquem seus segredos. Sinalizando que todas as pessoas são iguais.  Durante o segundo capítulo, percebe-se que o autor idolatra a autossuficiência como se isso fosse possível - e centraliza o capítulo em um tripé formado pelas circunstâncias, outras pessoas e os acontecimentos denominando-as como “impostores”. Esses impostores, segundo o Dawson é inofensivo e não tem o poder nem o direito de influenciá-los, na verdade o que o autor afirma é que o mundo é neutro, não ajuda nem atrapalha.

As circunstâncias
O autor acredita que as circunstâncias não são capazes de afetar o desempenho dos vencedores. Pois esses as encaram como oportunidades de crescerem e superarem os obstáculos com insistência. Cita pastores, ex-militares de destaque, escritores que reforçariam sua tese. Pensar na possibilidade das circunstâncias não afetarem o desempenho do individuo no mercado de trabalho atual, onde temos incontáveis concorrentes para cada vaga de trabalho aberta. Sem falarmos no individualismo contemporâneo e na série de mecanismos de exclusão aplicados pelas empresas no momento de optarem por quem deve crescer no quadro funcional. Será que nossa sociedade é realmente neutra e que estas circunstâncias não impactam a saúde mental do trabalhador, nem mesmo são capazes de influenciar a carreira de um excelente profissional? E as relações humanas inerentes a qualquer ser humano, de uma forma ou de outra, mais ou menos ele vai se envolver afetivamente com alguém ou com algum lugar. Existe a possibilidade de controlar as circunstâncias? Como não ser influenciado com tais situações?


As outras pessoas
Primeiramente o autor destaca que ninguém será um vencedor sem a ajuda dos outros – a palavra “ajuda” aparece no texto como um meio – ninguém poderá vencer sozinho. O autor destaca a necessidade de aprender a controlar as outras pessoas através de técnicas capazes de converta-las a sua maneira de pensar. O que fica claro nesse trecho é que o individuo é orientado manipular as pessoas a sua maneira para obter vantagens, como se as pessoas fossem passiveis de administrar e como se o individuo que tenta administra-las fosse o exemplo a ser seguido para convertê-las as suas crenças. Umas das formas de influenciar as pessoas, segundo o autor é a imposição de poderes. Favorecer-se de títulos (famoso carteiraço), da possibilidade de recompensar e coagir são os exemplos de poderes mais encontrado no ambiente profissional.
Controlar os outros ou a relação com os outros é uma tentativa frustrada do homem há muito tempo, no entanto o autor apresenta suas informações como uma formula, basta seguirmos os seus segredos e acabarmos com esta frustração. Nesse momento o trabalhador controla as circunstâncias e as pessoas, vamos para o próximo passo que consiste em administrar o terceiro impostor.

Os acontecimentos
 “Os acontecimentos” têm características semelhantes ao primeiro impostor (as circunstâncias), no entanto o autor foca-se nos problemas de limitações pessoais objetivas como deficiência física, intelectual e financeira. No terceiro impostor o autor reforça sua tese com comparações, faz links entre o que pessoas vencedoras apesar de serem limitadas.

Conclusão
Percebe-se que o autor acredita que o sucesso profissional é uma opção centralizando toda a responsabilidade de sucesso ou fracasso no individuo abstendo-se de uma série de fatores sociais que influenciam na relação do sujeito com o trabalho, além ignorar as diferentes formas de conceituar “sucesso profissional”. O entendimento de autossuficiência utilizado pelo autor é radical na medida em que fomenta a ideia da possibilidade do ser humano ser capaz de controlar suas relações humanas (outras pessoas), seu meio social/ cultural (circunstâncias) e por fim a capacidade de lidar com limitações/ imprevistos (acontecimentos) sem prejuízo no seu rendimento funcional.  Seu embasamento apresenta-se de forma ineficaz por utilizar-se de comparações sem um critério previamente estabelecido, pois seus exemplos vão de religiosos até militares, de presidente Americano até palestrante Surda e Muda. Tal método transmite a informações de que toda a pessoa tem a mesma capacidade de lidar com situações adversas do que as personalidades supracitadas pelo autor, mesmo que a ideia do autor não seja que todos se tornem uma Hellen Keller, será que existe espaço para todos que praticam seus segredos se desenvolverem. Finalmente, acredito que o individuo que praticar seus segredos de forma metódica e sem contextualizar a situação e sem uma capacidade critica sobre o que lhe cerca, esse profissional está fadado – mais cedo ou mais tarde - ao sofrimento mental.

Obra: Capítulo 2 “Segredo número dois - Os Vencedores São Auto-suficientes” do livro, 13 Segredos Para o Sucesso Profissional, tradução Bázan Tecnologia e Linguística. São Paulo: Futura, 1998.
 Autor: Roger Dawson é escritor, treinador e conferencista profissional nos EUA.  



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