Psicologia Humanista - Algumas considerações

 

            A Psicologia Humanista é fundamentada na filosofia existencial e fenomenológica. Tem sua origem na Alemanha com Husserl, considerado o pai desta linha psicológica, teoria essa que foi apresentada de uma forma mais simples por Heidegger. A principal característica é que ela é centrada na pessoa (Carl Rogers) e não no comportamento, enfatiza a condição de liberdade contra a pretensão determinista. Tem como objetivo compreender e não controlar a pessoa. Essa concepção acredita que a psicologia não seria a ciência do comportamento, seria a ciência da pessoa. Da filosofia existencial traz a crença nas responsabilidades do indivíduo e na sua capacidade de prever que passos o levarão a um confronto mais decisivo com sua realidade. E que o homem é o produto de suas escolhas (Jean-Paul Sartre). Segundo esta teoria, o indivíduo é o único que tem potencialidade de saber a totalidade da dinâmica de seu comportamento e das suas percepções da realidade e de descobrir comportamentos mais apropriados para si (Carl Rogers), pensamento que teve origem nas observações biológicas. Dentre os vários nomes que destacaram esse movimento, darei um destaque “merecido” a Carl Rogers (1902-1985) e Abraham Maslow (1908-1970). O ponto de partida e fundamental na teoria de Rogers, é que as pessoas se definem a partir de suas experiências. Segundo Rogers "todo indivíduo vive num mundo de experiência no qual é o centro. Este mundo particular é denominado de campo fenomenal ou campo experiencial que contém tudo que passa no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente disponível à consciência. Esse mundo inclui eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a pessoa não toma consciência, mas poderia tomar se focalizasse a atenção nesses estímulos. É um mundo particular e pessoal que pode ou não corresponder à realidade objetiva". Seguindo esse pressuposto entendemos que o individuo concebe atenção a um determinado evento a partir de como ele percebe o seu mundo, e não por uma realidade comum. Com isso entendemos que não existe uma realidade absoluta e nem geral a todos os indivíduos, e sim uma percepção pessoal de realidade. Cada percepção é essencialmente uma hipótese - uma hipótese relativa à necessidade do indivíduo. O mesmo autor afirma que há um aspecto básico da natureza humana que leva um indivíduo em direção a uma maior congruência e a um funcionamento realista. Que ele considera como o impulso evidente em toda a vida humana e orgânica, o impulso de expandir-se, tornar-se autônomo, desenvolver-se, amadurecer-se; a tendência a expressar e ativar todas as capacidades do organismo na medida em que tal ativação valoriza o organismo ou o self. Ou seja, cada indivíduo possui este impulso inerente em direção a ser competente e capaz quanto está apto biologicamente. O ser humano passa sua existência inteira em busca de autonomia, e essa busca depende de estímulos, quer esses internos ou externos, favorável ou desfavorável. A tendência para a realização plena das potencialidades individuais é expressa nos indivíduos através de uma variada gama de comportamentos, em resposta a uma gama variada de necessidades. A tendência do organismo, num momento, pode levar à procura de alimento ou gratificação sexual. No entanto, a menos que essas necessidades sejam demasiadamente fortes, sua satisfação será procurada segundo uma forma que intensifique, e que, não diminua a necessidade de auto-estima, por exemplo. Outras atividades tais como, as necessidades de explorar, produzir e a necessidade brincar é basicamente motivado, segundo este pressuposto, pela tendência à realização.
 
 
 
            A psicologia Humanista (centrada na pessoa) acredita que uma conduta não seria fruto de algo que aconteceu no passado, como postulado pela psicanálise e nem pretende mudar esta conduto com intervenções mecânicas como no comportamentalismo. Para os psicólogos humanistas a conduta é sempre intencional e em resposta à realidade tal como é aprendida e melhor forma de compreendê-la, é a partir do quadro de referência interna do próprio indivíduo. Concluindo, a teoria de Carl Rogers afirma que, todo organismo tem uma tendência inerente e natural à auto-realização, sendo expressa nos seres humanos numa variada gama de comportamentos em resposta a uma variada gama de necessidades. Esta tendência do organismo num momento pode levar à procura de alimento e gratificação sexual, em outro à procura de status. A auto-realização de pende de onde o individuo se encontra na pirâmide das necessidades exposta por Maslow, que foi outro grande expoente na teoria humanista. Apesar de não gostar de ser considerado humanista, pois era contra qualquer tipo de rótulo, gostava estar livre em busca de novas possibilidades. Maslow começou por estudar a questão da auto-realização mais profundamente através da análise das vidas, valores e atitudes das pessoas que considerava as mais saudáveis e criativas. Iniciou por estudar aqueles que considerou “mais auto realizados”, os que haviam alcançado um nível de funcionamento melhor, mais eficiente e saudável do que os homem ou as mulher comuns. Suas primeiras investigações sobre auto-realização foram inicialmente estimuladas por sua vontade de entender de uma forma mais completa os dois professores que mais o influenciaram, Ruth Benedickt e Max Wertheimer. Maslow não somente os considerava cientistas brilhantes e extraordinários, mas seres humanos profundamente realizados e criativos. Assim, iniciou seu próprio estudo para procurar tentar descobrir o que os fazia tão especiais. Maslow definia a questão da auto-realização como "o uso e a exploração pleno de talentos, capacidades, potencialidades, etc. Eu penso no homem que se auto-atualiza não como um homem comum a que alguma coisa foi acrescentada, mas sim como um homem comum de quem nada foi tirado. O homem comum é um ser humano completo com poderes e capacidades amortecidos e inibidos".

Maslow nos traz algumas definições como:
 • Para esse autor auto-realização significa experiênciar de modo pleno, intenso e desinteressado, com plena concentração e total absorção. Em geral estamos alheios ao que acontece dentro de nós e ao nosso redor.
• Se pensarmos na vida como um processo de escolhas, então a auto-realização significa fazer de cada escolha uma opção para o crescimento. Escolher o crescimento é se abrir para experiências novas e desafiadoras, mas arriscar o novo e o desconhecido.
• Auto-realizar é aprender a se sintonizar com sua própria natureza íntima. Isto significa decidir sozinho se gosta de determinadas coisas, independente das idéias e opiniões dos outros.
• A honestidade e o assumir responsabilidade de seus próprios atos são elementos essenciais na auto-realização.
 • Ao invés de, dar respostas calculadas para agradar outra pessoa ou dar a impressão de sermos bons Maslow pensa que as respostas devem ser procuradas em nós mesmos.
 • Auto-realização é também um processo contínuo de desenvolvimento das próprias potencialidades. Isto significa usar suas habilidades e inteligência para trabalhar e fazer bem, aquilo que queremos fazer.
• Um passo para além da auto-realização é reconhecer as próprias defesas e então trabalhar para abandoná-las. Precisamos nos tornar mais conscientes das maneiras pelas quais distorcemos nossa auto-imagem e a do mundo exterior através da repressão, projeção e outros mecanismos de defesa.
• Maslow acentua que a auto-realização representa um compromisso de longo prazo com o crescimento e o desenvolvimento máximo das capacidades. Os indivíduos devem estar dispostos a enfrentarem incertezas e desafios e não a ambigüidade e os desafios de soluções fáceis.
• Maslow afirma que, o crescimento psicológico ocorre em termos de satisfação bem sucedida de necessidades mais elevadas. As primeiras necessidades, as fisiológicas (fome, sono..), segurança (estabilidade, ordem) geralmente são preponderantes, isto é, elas devem ser satisfeitas antes que apareçam aquelas relacionadas posteriormente, como; necessidade de amor e pertinência (família,amizade), necessidade de estima (auto-respeito, aprovação) e necessidade de auto-atualização (desenvolvimento de capacidades). Portanto, a busca de auto-realização não pode começar até que o indivíduo esteja livre da dominação de necessidades inferiores, tais como fisiológicas e segurança.
• Maslow define o self como essência interior da pessoa ou sua natureza, inerente a seus próprios gostos, valores e objetivos. Compreender a própria natureza interna e agir de acordo com ela é essencial para atualizar o self.
• O trabalho desenvolvido por Maslow ofereceu uma contribuição considerável tanto prática quanto teórica para os fundamentos de uma alternativa para o Behaviorismo e a Psicanálise, correntes estas que segundo ele, tendem a ignorar e ou deixar de explicar a criatividade, o amor, o altruísmo e os outros grandes feitos culturais, sociais e individuais da natureza humana.
 
*Imagens da Internet.
 

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