Negociando com o Diabo

         Era uma vez José, um executivo de vendas. José, já estava cansado de tentar vencer as dificuldades que vinha enfrentando em suas atividades nos últimos dias e se deitou, furioso, para descansar. Aquela quinta feira 12 encerrava mais um dia de vários em que José dispensara em busca de melhores condições de vida naquela metrópole. José, desde criança era considerado exímio negociador, até aqueles dias jamais havia perdido uma grande negociação. Era ganancioso, aético e auspicioso como ele só. Mas nos últimos tempos não entendia porque tudo que tentava fazer dava errado. Naquele momento ele só desejava “pegar no sono” para acordar cedo no dia seguinte e ir à missa. José, por contradição, acreditava que poderia ter cometido algum pecado e precisaria pedir perdão a Deus pelo erro. Mesmo assim o pensamento era esse. O sono chegou e José sonhou com um lindo lugar, campos floridos, cercas brancas e muitas pessoas sorrindo. No sonho ele conversara com um homem de boa aparência, elegante e fino. Tinha dinheiro, pensou.
             Acordou feliz e motivado. Seguiu seu plano e foi até a igreja, se ajoelhou, pediu perdão pelos seus pecados e saiu calmamente. Confiante de que seus caminhos agora estavam limpos foi até um dos seus amigos, o Cícero que sempre lhe passava alguns contatos. Cícero por sua vez o informou que um homem o procurou e que o aguardaria no bar, às 18h em ponto e o tal homem teria uma excelente oportunidade de negócio.
José comemora a informação e vai ao encontro do tal homem. Ao chegar percebe que o homem é o mesmo com o qual havia sonhado na noite anterior, fica um pouco espantado e se apresenta.
- Boa tarde, eu sou o José. E você, como se chama.
Sem rodeios o tal homem dispara:
- Eu sou o diabo, quero sua alma e vim negociar com você, pois me disseram que é o melhor negociador destas terras.
Apesar do espanto, José responde:
- Já fui o melhor negociador, mas nos últimos tempos não tenho sido bem sucedido, pelo contrario, perdi o que havia adquirido. Mesmo assim, fale-me de sua proposta.
- Gosto de beber enquanto negocio. Disse o Diabo: - Eu quero te dar o que você mais deseja. Dou-te tanto dinheiro que não conseguira gastar nessa vida.
José, sabendo que estava negociando com o Diabo o respondeu:
- Depende de quantos anos terei nessa vida. De quantos anos estamos falando?
O diabo logo percebeu que a fama do tal José não era à toa e respondeu:
- Você tem 34 anos, quem sabe mais uns 50 anos?
José gostou da possibilidade de mais 50 anos de vida, afinal 84 anos é uma vida longa. Mas não fechou a negociação. Precisava saber o que o Diabo lhe pediria em troca. Ele nada faz de graça e costuma cobrar caro os seus “favores”. José já havia ouvido falar de varias lendas de encontro entre o homem e o Diabo, também sabia que ninguém havia vencido qualquer negociação com o dito cujo. Mas estava disposto a, pelo menos, negociar.
- O que você, o senhor das trevas pode querer do simples mortal que vos fala?
- Quero que beba esta noite comigo e conheça o meu mundo. Quero que passe esta noite comigo no inferno e se não enlouquecer até amanha às 6 horas da madrugada todo o dinheiro que te prometi será seu pelos próximos 50 anos. Terás vida de rei. Ironizou o Diabo.
José achou a proposta tentadora, o que seria uma noite em claro perto de muito dinheiro pelo resto da vida. Não obstante, José era inteligente e correu o olhar para ver a hora. No relógio do Diabo ainda era 18h, sendo que eles já estavam naquela negociação pelo menos duas horas. Ou seja, já deveria ser 20h.
- Senhor das trevas, por que seu relógio ainda não saiu das 18h?
- É que o tempo no inferno é diferente do tempo da terra.
- Eu posso aceitar sua proposta se atender a duas condições.
O Diabo surpreso com a petulância do José, mas curioso e competitivo por essência quis ouvi-las.
- A primeira é que o tempo seja o da terra e não do inferno.
- Aceito, e a segunda. Disse o Diabo sorridente.
- A segunda é que quando chegarmos ao inferno eu possa escolher qualquer um para passar a mesma noite no céu, ao lado de Deus. Eu penso que se um humano pode descer ao inferno, um ser do inferno também possa viajar ao céu. Uma questão de justiça.
O Diabo impaciente e bastante bêbado aceitou a negociação e juntos partiram para o inferno. 


          Chegando lá o Diabo transformou-se em uma criatura horrível e lançou sua gargalhada de vitória, pois acreditava ter conquistado mais uma alma para escravizar. Estava seguro disso porque ninguém passara uma noite no inferno ao seu lado sem enlouquecer.
- José, sua ganância me levou até você, agora você é meu!
- Ainda tens um trato a cumprir comigo. Diz José a sorrir.
- Sempre cumpro minha palavra. Quem desses malditos tu queres que suba aos céus?
- Você! Respondeu José.
Nesse momento o Diabo se desesperou, mas cumpriu sua palavra e subiu ao Céu enquanto José andou pelos recantos do inferno conversando com as almas que lá estavam. As almas não lhe queriam fazer mal, pelo contrario, eram almas de pessoas cometeram alguns erros e se foram fracos diante dos pecados, principalmente a ganância. Essas almas viam em José a possibilidade de ele evitar que outras pessoas cometessem os mesmo erros, já que ele seria o único que conseguiria sair de lá.

Ás 06h00min da manhã o Diabo retornou ao inferno e José a terra. 
AFINAL, QUEM DETERMINA SE HA SOFRIMENTO É O LÍDER E NÃO O AMBIENTE.      

Comentários

Unknown disse…
Olá, Parabéns pela história. Venho neste comentário deixar a minha opinião sobre o tema escolhido. Atualmente, com as expectativas de ganhos financeiros, as pessoas são levadas a assinar contratos empregatícios que de certa modo, as prejudicam em suas vidas, quando os seus lideres, aqueles que estão ali para liderá-los não cumprem esta liderança de maneira correta e acabam contaminando o ambiente, da qual, eles fazem parte. Diante disto, os lideres acabam tomando para si, as almas de seus empregados, tornando suas vidas um verdadeiro inferno, cabendo as pessoas tomarem as melhores atitudes para com elas mesmas de forma a livrá-las do mal.
Everton Gaide disse…
Grande comentário Marcelo, a lógica do post é realmente provocar o leitor a pensar o tipo de relação que ela esta fomentando no seu trabalho. Que tipo de contrato ela esta assinando e quais as atitudes das nossa lideranças.
Um grande abraço