Final de semana uma família se reúne em uma
casa de campo, local amplo e contato com a natureza. Esse local pertence à
família há mais de 40 anos e fora adquirida pelo patriarca da família, o Sr.
José, hoje com 80 anos, casado com Maria, 78 anos, há 56 anos. Seu José e dona
Maria ainda tem muito vigor físico e moram nesta casa. Estão felizes por
reunirem a família inteira, algo que não acontecia a quase uma década, para o
final de semana. O casal tem 2 filhos (55 e 40 anos), empresários e a um filha
caçula de 25 anos que está realizando a segunda pós graduação, mas ainda não está
segura de qual ramo deseja atuar, além dos 4 netos (um casal de adolescentes) e
dois meninos de 8 anos.
No
sábado pela manhã, seu José levantou cedo e ao lado de dona Maria preparou uma
mesa farta para o café da manhã, às 7h 30 minutos a mesa já estava pronta para
a primeira “reunião familiar”, mas, pouco antes da 8h, apenas os filhos mais
velhos e suas esposas estavam à mesa para refeição. Conversaram sobre os
acontecimentos familiares, os filhos se mostraram preocupados em os pais
continuarem sozinhos em um local afastada da cidade e sobre algumas lembranças
de passagens engraçadas. O desjejum foi agradável, mas José e Maria não
conseguiram disfarçar a decepção em não ver os demais presentes junto à mesa.
Inclusive um dos filhos contemporizou ao pedir que o pai não se preocupe,
justificando que as novas gerações dormem tarde e acordam tarde mesmo. Além
disso, a esposa do filho mais velho precisou abandonar a refeição no meio em
função de um compromisso inadiável no seu trabalho, já o filho do meio, passou
boa parte do tempo respondendo mensagens no celular e em determinados momentos
não acompanhava a conversa que estava acontecendo.
Horas
mais tarde, os netos adolescentes desceram, com os Smartphone em mãos, com a
cabeça cabisbaixa nem cumprimentaram os presentes na sala e foram até a
cozinha. Lá fizeram um sanduíche e retornaram para o quarto, com esta movimentação
as crianças acordaram e foram até os pais e avós para abraça-los, em seguida
foram fazer sua refeição. Por último desceu a filha caçula, cumprimentou a
todos, foi até a cozinha, fez sua refeição e voltou para sala, ligou a
televisão e colocou em uma série americana de muito sucesso sobre mortos vivos
ou vivos mortos e abriu um refrigerante.
Após o
almoço, seu José havia programado que todos iriam para o pátio aproveitar o
belo dia de sol, os netos brincariam na piscina e os adultos poderiam conversar,
jogar cartas, comer petiscos e beber alguma coisa. José já havia se organizado
para aproveitarem o máximo que o final de semana poderia oferecer. Esperou
muito por essa oportunidade. Com essa expectativa, organizou o que poderia e
começou a chamar o pessoal. Foi até o quarto dos netos e disse:
- Vamos filhos, hora de ir para piscina! Vamos lá!
Os
meninos de 8 anos estavam jogando vídeo game e nem ouviram o que o avô falou,
continuarem seu jogo. O neto adolescente estava em uma conversa por vídeo com
uma amiga Holandesa e gesticulou um sinal de positivo com a mão. A outro neta
estava gravando um vídeo para o seu canal no qual falava sobre o tédio de ficar
um final de semana longe da cidade, pediu para o avô dar um “tchauzinho” para
câmera e seguiu a sua gravação como se nada tivesse acontecido.
Foi até a sala
e convidou a filha para irem até lá fora e a filha respondeu que iria assistir
aquele episódio e já os encontrava. Finalmente, chegou na varanda onde
encontrou seu filho mais velho com a agenda na mão organizando suas ações da
semana seguinte na empresa e nem o convidou, apenas perguntou onde estava o
outro filho. Ouviu que este precisou ir até a cidade para resolver uma
emergência na empresa, mas que no início da noite estaria de volta.
Chateado,
foi até o pátio fazer o que sempre fazia aos finais de semana, sentou-se ao
lado da esposa Maria e começaram jogar cartas e falar sobre a família que
estava distante.
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