Do inconsciente coletivo ao divã


   É um fenômeno intrínseco ao humano transferir a responsabilidade das suas falhas para os outros, esse fato vem sendo retratado pela filosofia, psicologia e sociologia há séculos. Hoje, infelizmente, não estamos diferentes. A psicanálise denomina esse fenômeno como mecanismo de defesa e o momento brasileiro esta fazendo exatamente isso. Culpar os outros, o diferente, os políticos (que são os atores principais negativos desse enredo) está institucionalizado em nossa sociedade e essa forma de pensar é sustentada pela grande mídia e as mídias menores, que na maioria dos casos, são meras repetidoras de informações, assim como as fake News e os movimentos em redes sociais “autônomos e apartidários como MBL e Vem pra Rua, sem qualquer patrocínio da FIESP” tem se tornado uma verdade absoluta. Essa forma de deslocar o erro/culpa para um lado faz com que o(s) outro(s) lado(s), o lado bom da política, possa propor e executar coisas absurdas que podem ter consequências graves para a maioria da população brasileira. População, que nesse momento compartilha desse inconsciente coletivo, não consegue refletir de forma mais sensata e simplesmente a aprova, apenas por não ser uma proposição do lado “mau”. Sempre é importante lembrar que acabar com o lado “mau”, padronizar, limpar e moralizar a sociedade justificaram duas guerras mundiais; a inquisição e ainda tem matado milhares de pessoas ao redor do mundo por intolerância étnica, sexual, teológica (vide Estado Islâmico) e justificou séculos de escravidão. 
       

        Precisamos pensar e olhar para nós mesmos, para nossa igreja, nossas relações sociais, nossas empresas e nos fazermos a seguinte pergunta:
- Estamos ou somos do lado “bom”?
        Se a reflexão for minimamente lógica chegaremos a conclusão de que não existe lado bom ou mau absoluto. Pois nos relacionamos com todo o tipo de gente, pessoas boas e honestas, mas também convivemos com pessoas más, perversas e corruptas.
        - Mas eu não convivo com esse tipo de pessoa!
Tá bom gênio, isso se você souber... Isso se você não for o “mau, o perverso ou corrupto” e ainda nem sabe ou aceita ainda. Enfim, não gosto de generalização, não acho que a instituição deve ser responsabilizada pelos atos e falhas dos seus membros, caso contrário, o que diríamos da família que sempre tem pelo menos uma “maça podre”, aos olhos dos “donos da ética familiar”. Tome a sua como exemplo.

        Que tal voltar ao divã? 
     Dizer que a culpa é dos outros é fácil, quero ver aceitar as próprias falhas e mudar de opinião, se for o mais inteligente. A mudança sempre acontece de dentro pra fora, não seja tolo (pensar é gratuito), não se torne um mero repetidor de um discurso simplório, raso e ilógico. A culpa é deles, mas vale pensar o que deveríamos ter feito ou podemos fazer para reagirmos ao cenário atual, afinal a culpa também é nossa.
       
       *imagens da internet.

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