Ser livre é mais importante que estar vivo


Dentre tantos escritores que escreveram sobre a liberdade, o francês Jean Paul Sartre foi quem conseguiu resumir muito bem o conceito de liberdade no século XX e explicar muito sobre o nosso mal estar no século XXI ao dizer que:  "O homem está condenado a ser livre".
Muito antes de Sartre, a busca pela oportunidade de escolher o próprio destino acontece atrelada a história humanidade, não obstante, a forma de compreendê-la também evoluiu e se transformou. Nessa jornada em busca de liberdade, o mês de setembro tem um capítulo especial para nós Brasileiros, afinal, foi o "grito de independência" do nosso país que apesar de romantizado por décadas é um marco da liberdade e deve ser valorizado. Este ato, naturalmente impulsivo de Dom Pedro nos trouxe uma série de novos problemas que  não conhecíamos enquanto colônia portuguesa, pois nos deu a liberdade e uma responsabilidade proporcional às nossas dimensões ainda pouco conhecidas à época. Desde o grito, tivemos que superar inúmeros desafios de quem opta por ser senhor do próprio caminho. Aconteceram embargos de outros países, revoluções internas contra o império, entre elas, a saudosa revolução Farroupilha ou guerra dos Farrapos, a nomenclatura depende de quem conta a história.

A guerra dos Farrapos, foi a mais longa revolta da história do Brasil, perdurou por dez anos e seu fim é datado em 20 de setembro, feito comemorado por todos os gaúchos. A guerra jamais teria durado tanto tempo sem a força e a coragem dos lanceiros negros, africanos escravizados que nesta epopeia lutaram pela essência da liberdade, lutaram pelo desejo de serem humanos livres, lutaram e morreram porque confiaram na promessa de liberdade, confiaram apenas na palavra das lideranças farroupilhas.  O massacre de porongos ocorrido em 14 de novembro no atual município de Pinheiro Machado, sempre será um marco negativo para qualquer entusiasta farroupilha bem informado.
Dom Pedro bradou por liberdade baseado em seus impulsos jovens de insubordinação ao seu pai, os lideres farroupilhas desejavam a liberdade de impostos e os lanceiros negros, esses sim, nesse setembro devem ser lembrados como o povo que entendeu que de nada valia estar vivo se não fosse para serem livres. Naquele longínquo tempo, a “liberdade, igualdade e humanidade” se mantiveram apenas no brasão da bandeira farrapa.

A liberdade dói, traz sofrimento existencial  e sua plenitude ainda é uma busca do nosso tempo, mesmo assim, fica claro que ser livre é mais importante que estar vivo.
@everton.gaide

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