Final de ano chegando e com ele a maior data Cristã, o Natal. Dia 25 de dezembro comemoramos o nascimento daquele que andou entre os excluídos, os doentes, os loucos, os ladrões e as prostitutas. Aquele que enfrentou um sistema político violentador, opressor e militarizado. Comemoramos o nascimento de um homem simples, periférico e que apresentou uma nova forma direta de adorar o criador. Celebramos um homem que lutou pacificamente, que multiplicou e compartilhou o pão ao invés de oferecê-lo apenas aos que podiam pagar. Também nos alertou constantemente que Deus é amor, que viriam falsos profetas e que precisávamos vigiar para que não fôssemos enganados pela vaidade e ganância. Mostrou-nos que é grande aquele que perdoa e que é humilde de coração aquele que tem a coragem de se ajoelhar diante dos seus servos e lavar carinhosamente os seus pés.
Acredito que esquecemos muitos dos ensinamentos elementares de Cristo e mesmo assim nos envaidecemos e insistimos em nos denominarmos Cristãos. Ora, se somos de fato cristãos precisamos entender quais são os princípios do cristianismo e, além disso, precisamos conduzir nossas ações cotidianas para que assim sejamos reconhecidos. Sinto que esquecemos a essência de sermos bons ao longo de 11 meses e 20 dias e queremos compensar isso nos últimos 10 dias do ano chamando o familiar que desdenhamos o ano inteiro por ser alcoólatra; abraçando o filho que não dizemos "eu te amo" por ser homossexual; rezando pelos ladrões que Jesus perdoou e mostrou o caminho da salvação e que nós desejamos sua morte os últimos meses nos armando e fazendo “arminha” com as mãos; entregando marmitas aos moradores de rua que fingimos não existir e chamamos de escória da sociedade; ou doando presentes baratos em instituições de acolhimento para crianças e adolescente a quem apontamos o dedo. Também visitamos os doentes em hospitais que desejamos que deixe de ser gratuito e é claro, fazemos muitas selfies. Isso não é amor Cristão com o próximo, provavelmente é consciência pesada. Sabemos que muitas comunidades cristãs se dedicam o ano inteiro em ações e projetos que mudam a vidas das pessoas que Jesus mudaria se estivesse no nosso tempo e o nosso desafio é entender o que Ele faria se estivesse entre nós e então fazermos o mesmo. Pergunte-se:
O que Jesus faria nesta situação?
É claro que nenhum de nós é capaz de alcançar a sabedoria de Cristo diante das situações, no entanto seus atos nos darão bom embasamento para agirmos com fé e amor.
Não espere o natal para ter lampejos de Cristianismo (ou de consciência), o amor a Deus acima de todas as coisas (Mateus 10:37), amar ao próximo como a si mesmo (João 15:12) e considerar as pessoas mais importantes que as coisas são três dos princípios do Cristianismo exerça-os de fato, reflita e assim será Natal todo dia.
Crônica publicada no Jornal Toda Hora em 20/12/2019.
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