Na vida e na educação, a pior opção é não fazer nada


No início do mês de abril, neste mesmo espaço, publiquei a crônica “O maior desafio da educação pública neste século”, nela eu falava sobre os desafios que a educação enfrentaria em função do coronavírus. Naquele momento, tínhamos cerca de 20 mil casos e 900 óbitos no Brasil e a experiência dos países que já estavam enfrentando o vírus há mais tempo apontavam que a crise sanitária iria durar muito mais tempo e ainda se agravaria dadas as políticas bastante questionadas do ministério da Saúde em relação a prevenção e enfrentamento da pandemia. Todo esse contexto, indicava para os gestores de educação que algo precisava ser feito, mesmo correndo o risco de errar, o certo é que a educação e toda a comunidade escolar precisava se reinventar.
A vida me ensinou algumas coisas, dentre os principais aprendizados é que contra fatos não há argumentos, nesse sentido, enquanto gestor na educação pública, resolvemos aprimorar as ferramentas de comunicação com os alunos e qualificar as aulas não presenciais. Sempre tivemos claro de que essa ação não substituiria as aulas presenciais ou um professor ao lado do aluno, mas diante do cenário era a melhor opção para evitar a perda de vinculo do aluno/família com a escola/poder público, além de evitar retrocessos na aprendizagem por falta de estímulo.  Não é possível imaginar que não haveriam perdas de aprendizagem se os alunos ficassem 3, 4 ou 5 meses sem qualquer estímulo técnico pedagógico.

Os professores são um capítulo à parte, pois sempre que desafiados se reinventam. No início a proposta de educação não presencial assustou, gerou desconfiança, mas logo se viram diante de um cenário em que eles teriam que repensar e criar formas de dialogar com seus alunos e os familiares deles. Não é nada fácil, pois temos a cultura de que o papel de ensinar é da escola e não uma construção com a sociedade e família sendo que na pandemia, a família tem papel central nessa dinâmica de ensinar. Sabemos que em algumas famílias os pais não têm grau de instrução necessário para “ensinar” o filho e nem é esse o objetivo, mas até mesmo esse pai com baixa instrução pode ajudar muito ao estimular o filho a parar algumas horas por dia para se dedicar aos estudos, ele pode ligar, mandar mensagem, informar a escola das suas dúvidas e o professor o orienta. Talvez o grande ganho desse novo momento para educação para o futuro é o maior envolvimento da família na vida escolar dos alunos e da adoção das tecnologias na escola pública. Essa melhora dependerá de mais investimentos públicos em plataformas e na formação de professores e alunos. Para isso se tornar uma realidade é importante que todos acompanhem a proposta do novo FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica criado em 2007 que vence em dezembro de 2020 e se o FUNDEB não for mantido, pelo menos com a estrutura que existe hoje, a educação do Brasil ficará à mercê da vontade de cada gestor público, algo pode criar uma desigualdade ainda maior que os impactos da própria pandemia e em longo prazo.
Se diante do maior desafio da educação deste século foi possível agir de forma rápida foi porque existe o FUNDEB, caso contrário seria “um prato cheio” para maus gestores cruzarem os braços para a educação respaldados pela crise sanitária. Na última segunda-feira 01/06, foi homologado pelo MEC o parecer 05/2020 que aceita como carga horária letiva as aulas não presenciais. Felizmente, atuo em um município em que a educação tem sido prioridade e somos um dos primeiros municípios do estado a implantar as aulas não presenciais, ainda no mês de março. Preciso deixar claro que sabemos que não existe solução perfeita para esse momento, mas entendemos que na vida e também na educação é preciso ter coragem e a pior opção é não fazer nada!
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