Ofereça suas sandálias

 É fácil encontrar na internet grandes textos, pequenas frases ou vídeos te incentivando a sair da zona de conforte. Zona de conforte, na concepção do senso comum é um lugar confortável, onde você tem o controle dos fatos, onde você domina os processos e conhece as consequências das ações presentes. Com isso, o que se ouve ou se lê é o famoso "saia da zona de conforto" se queres ganhar dinheiro; "saia da zona de conforto" se quiser obter sucesso; "saia da zona de conforto" pra lá e pra cá. Porém, qual é o problema de encontrar e permanecer na zona de conforto? Temos que viver o tempo todo desconfortáveis? Esse é o propósito da nossa existência atualmente?




Meu convite de hoje é para refletir sobre esse e muitos outros "mantras" que ouvimos por aí e sem aprofundarmos na reflexão repetimos constantemente. Eu realmente acredito que não há crescimento em qualquer que seja a área da vida se não tiver entrega, desconforto e perseverança. Todavia entendo que há uma grande diferença entre a busca por evolução e viver na insegurança, sem controle e constantemente se achando insuficiente. Digo mais, entendo que o excesso de estímulos e cobranças por um padrão de sucesso, que em minha visão deveria ser um entendimento subjetivo, vem aumentando o número de pessoas com tornando diagnóstico de Síndrome de Burnout, que em suma, é quando nos esgotamos, bugamos, adoecemos em função da sobrecarga de trabalho. Para termos dados, no final de 2021, cerca de 30% da população brasileira estava com Burnout. Precisamos nos atentar aos sinais que começam pela excessiva dedicação ao trabalho que causa um cansaço permanente, sobrando pouco ou nenhum tempo para atividades prazerosas. 
Considerando os pontos que abordei acima, quando vierem te falar sobre você sair da zona de conforto reflita com atenção e realmente avalie se faz sentido pra você. Talvez a pessoa que te "sugeriu"sair da zona de conforto não tem ideia do que é andar sobre suas sandálias. Eu, sinceramente nunca conheci a tal "zona de conforto", também não desenvolvi a síndrome de Burnout. Se for para escolher entre uma e outra, eu escolho a zona de conforto.

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